Matilde Rosa Araújo

06 julho 2010




Partiu a escritora Matilde Rosa Araújo.

Deixou-nos a OBRA!

Paz à sua Alma!




A Amiga da China


Tangerina que tanges

O Sol do meio-dia

És cara de menina

Com pintas de alegria.


Teus gomos perfumados

Tua pele tão fina

Tangerina tão doce

Que vieste da China


Quando ia para a escola

Teu perfume nas mãos

Teu perfume no bibe

Nos cadernos. No pão.


Tu eras tão bonita!

Eu era tão menina!

Que saudades eu tenho

Minha amiga da China!



Matilde Rosa Araújo, As Fadas Verdes, Civilização

A Maior Flor do Mundo

21 junho 2010

Com a morte de José Saramago, fica a Obra que já vos li, para recordação:

http://vimeo.com/3266656

CARLA ANTUNES na nossa Escola

26 fevereiro 2010




Cativante, cheia de ternura e afecto é Carla Antunes nascida em Lisboa quando corria o ano de 1974.

É ilustradora e diz que abraçou esta profissão porque não conseguiu ser fada. As suas ilustrações são de cores alegres e contornos redondos.

Publica ilustrações em várias revistas e jornais desde 1997. Colabora com a revista “Pais e Filhos” e com o suplemento da Revista Notícias Magazine “Terra do Nunca”.
Os livros infantis, cheios de colorido e imagens fantásticas, atraem a atenção e interesse dos nossos pequenos leitores.

A Ilustradora visitou a 23 de Fevereiro a nossa Escola para dinamizar uma oficina de ilustração para todos os alunos do 1º ciclo e pré-escolar.

Foi um dia mágico! Com traços firmes e figuras geométricas, a ilustradora fazia surgir lindas figuras: bonecos de neve, monstros, ratinhos, nuvens, passarinhos, gorros,... Tudo parecia tão simples! Então, crianças e professores, seguindo as orientações da autora, fizeram lindos desenhos! No final, a ilustradora ofereceu às crianças os nove painéis que ilustrou.

Foi com enorme paciência e muito afectuosa que assinou mais de 300 livros infantis, para crianças e professores. Todos os autógrafos tinham uma pequena ilustração do livro assinado.

BOAS FESTAS

19 dezembro 2009


A Árvore de Natal de Pluto

15 dezembro 2009

O Tomás, que não acreditava no Pai Natal

02 dezembro 2009

Era uma vez um menino que não acreditava no Pai Natal e fazia troça de todos os outros meninos da escola, e dos irmãos e dos primos, e de qualquer pessoa que dissesse que o Pai Natal existia mesmo e vivia no Pólo Norte.

— Isso são histórias para bebés — dizia o Tomás.

E quando via alguém a escrever uma carta ao Pai Natal, tentava agarrar o papel e, se conseguia, rasgava-o mesmo! E dizia que não era nada um dos anões do Pai Natal que vinha buscá-la.

O Tomás ia para a escola todos os dias de autocarro. A mãe levava-o até à paragem e, se fosse preciso, ele ficava lá sozinho um bocadinho à espera que o autocarro passasse. Naquele dia foi assim que fez. Mas estava tão distraído que nem reparou que o autocarro era encarnado e não cor-de-laranja. E quando ia mostrar o «passe» ao condutor, deu um salto de susto:

— O que é que faz uma rena de nariz encarnado a conduzir um autocarro!? — gritou ele.

A rena é que não ficou nada incomodada com a má-criação do Tomás e respondeu a rir:

— Sempre guiei este autocarro!

— Mas para onde é que ele vai? — quis saber o Tomás, já muito aflito.

— Para o Pólo Norte, claro. Temos de que levar pessoas de todo o mundo para ajudar a tratar dos presentes para o Natal, e por isso vimos buscá-las a casa, porque há muito poucos aviões para lá… e são muito caros.

— Mas o Pai Natal não existe e o Pólo Norte também não! — exclamou o Tomás, furioso, a bater com força com as mãos no varão onde as pessoas se seguram para não cair.

Aí ouviu-se uma gargalhada enorme, que encheu o autocarro todo. O Tomás virou-se para trás e viu que os lugares estavam todos cheios de pessoas, de duendes e ursos, e de anões e de rapazes e raparigas como ele. Iam todos para o Pólo Norte ajudar o Pai Natal, e achavam que a frase do Tomás era a mais idiota que já tinham ouvido:

— Ah, és daqueles que não acreditam em nada que não vejam — disse um duende, de orelhas em bico e chapéu verde, enfiado quase até aos olhos.

— Também não precisas de esperar muito para acreditar, porque daqui a duas horas estamos lá — acrescentou um anão, de picareta pousada no banco do lado.

O Tomás pensou: «Desde esta história dos atentados, não deviam proibir de entrar nos transportes públicos as pessoas que trazem picaretas de pontas afiadas?!»

Mas calou-se e não disse nada, porque se havia coisa que detestava, era que fizessem troça dele. Fazer troça dos outros, como fizera com todos os que acreditavam no Pai Natal, era divertido, mas ser gozado era completamente diferente…

Sentou-se no primeiro banco que viu vazio. Ufa! Ainda bem que não tinha uma daquelas criaturas sentadas ao lado a seringar-lhe o juízo.

Quando um urso polar pequenino se virou para trás e lhe deitou a língua de fora, o Tomás ainda explodiu:

— Quando a minha mãe disser à polícia que desapareci, vocês vão ver!!!

Mas aí a gargalhada ainda foi maior:

— A polícia não anda atrás de meninos que estão à guarda do Pai Natal! — disseram todos em coro.

E o Tomás achou mesmo melhor não voltar a abrir a boca.

Foi olhando pela janela e percebeu que o autocarro já não tinha as rodas na estrada, mas voava pelos céus.

O dia tinha-se transformado em noite e o Tomás, que sabia alguma coisa de geografia, percebeu que estavam a ir para muito longe. Lá ao longe via neve, e estrelas… quando na terra dele ainda eram hora de estar na escola.

— Pólo Norte, última paragem! — ouviu-se a voz da rena-motorista a gritar.

Toda a gente se levantou e começaram a empurrar-se uns aos outros, tal era a pressa de sairem.

O Tomás esperou que se fossem embora e ficou ali sem saber o que fazer. Talvez o autocarro voltasse agora para Portugal e passasse outra vez na rua dele… E assim ele voltava para casa, sem se assustar mais. Porque o Tomás estava assustado… E um bocadinho envergonhado.

Mas não teve sorte nenhuma, porque, quando levantou os olhos, viu o Pai Natal em pessoa, de pé, parado ao lado do banco onde estava sentado.

— Não me vens ajudar a fazer presentes de Natal? — perguntou o senhor de barba muito branca.

«Realmente, parece o Pai Natal», pensou o Tomás, «se o Pai Natal existisse, claro». E porque o Tomás era teimoso e não gostava de dar o braço a torcer (quem é que gosta?), ainda estendeu a mão para puxar a barba, não fosse isto tudo ser um teatro e o Pai Natal um daqueles velhos que trabalham nos centros comerciais. Mas a barba não saía, e o Tomás percebeu que nada daquilo era um sonho e que estava mesmo no Pólo Norte. E que aquele era o Pai Natal de carne e osso.

E como o Tomás era casmurro, mas não era burro, percebeu que se tinha enganado e que, já que estava ali (e ainda por cima não tinha de ir à escola!), o melhor era divertir-se o mais que podia. Durante muitos dias, ajudou a fazer e a embrulhar presentes para todos os meninos do mundo, e ficou muito amigo de duendes, anões, ursos e renas, e de todas as outras criaturas estranhas que por ali apareciam.

Mas, uma noite, não conseguiu adormecer. Não queria dizer nada a ninguém, mas estava triste porque sabia que não tinha mandado nenhuma carta ao Pai Natal e que, por isso, não ia receber presentes.

— E até é bem-feito, para ver se aprendo a não ser estúpido — pensou baixinho o Tomás, cheio de remorsos por ter rasgado as cartas dos irmãos mais pequenos e de ter troçado tanto dos amigos.

Mas, na manhã seguinte, o Urso Polar Grande, que era tio dos mais pequeninos, veio ter com ele às escondidas e deu-lhe um papel e um lápis:

— Escreve depressa a tua carta, que eu depois meto-a no cesto das cartas que o Pai Natal ainda não abriu.

O Tomás nem queria acreditar na sorte que tinha! E escreveu, escreveu e escreveu, porque sabia que era tudo verdade.

Na noite de Natal, o Pai Natal levou-o com ele no trenó e deixou-o cair pela chaminé com os presentes para a mãe, para o pai e para os irmãos. A mãe nem ligou aos presentes dela, só queria pegar no Tomás ao colo e enchê-lo de beijinhos. O Tomás dizia:

— Blhec, mãe, não me lambuze todo… — mas continuava muito encostadinho a ela.

A mãe fez-lhe um leite com chocolate quente e, quando ia metê-lo na cama, disse:

— E já foste ver se o Pai Natal te deixou alguma coisa na tua Meia de Natal? – (nesta casa punham meias ao fundo da cama, em lugar de sapatos na chaminé).

Mas o Tomás abanou a cabeça e respondeu:

— Acho que não tenho nada, porque o Pai Natal deixou-me cá com todos os presentes e eu não vi nenhum para mim.

Só que, quando olhou para a meia, ela estava cheia de presentes até acima. O Tomás ficou tão comovido (que é quando os olhos picam de lágrimas e um nó bom aperta a garganta), que foi a correr para a janela para ver se ainda ia a tempo de agradecer ao Pai Natal.

Lá longe, viu um trenó e um homem de barbas brancas a dizer-lhe adeus. O Tomás, naquela excitação, chamou a mãe:

— Mãe! Mãe! É o Pai Natal! A mãe consegue vê-lo?

— Claro que consigo — disse a mãe.

E conseguia mesmo.

Isabel Stilwell